Integrada nas comemorações do Dia Internacional da Mulher promovidas pela Junta de Freguesia de Alcochete, no passado sábado tivemos o privilégio de assistir a uma conversa entre quatro grandes mulheres sob o tema “A Valorização da Mulher na Sociedade”. Eugénia Casadinho (professora aposentada do 1o ciclo), Inga Oliveira (locutora de rádio), Luísa Ortigoso (atriz) e Paula Almeida (proteção civil), foram as convidadas para uma mesa redonda onde se debateram pontos fundamentais e pertinentes da nossa sociedade, no que a todos dizem respeito.
Apesar das mulheres serem iguais aos homens perante a lei portuguesa, as estatísticas mostram que as mulheres têm uma remuneração mais baixa do que os homens, sendo que 27% recebe o ordenado mínimo nacional, face a 22% dos homens. Para Inga Oliveira, “uma mulher não ascende com tanta facilidade a um cargo de chefia, por muito talento e conhecimentos que tenha”.
No que se refere à liderança feminina, embora se verifiquem alguns avanços (Kamala Harris tornou-se a primeira mulher vice-presidente dos EUA, países como a Estónia, Suécia e Tunísia tiveram primeiras-ministras mulheres pela primeira vez na história), Paula Almeida sente que “existem poucas mulheres em posições de comando”. Em Portugal, verificamos que em 2022 o número de mulheres eleitas para o Parlamento baixou para 37,2%, o que significa um agravamento da disparidade entre mulheres e homens no processo de decisão legislativa nacional. A ausência das mulheres nas tomadas de decisão tem necessariamente reflexos nas persistentes desigualdades, discriminações e violências que recaem sobre estas.
Luísa Ortigoso, por sua vez, defendeu que o Dia Internacional da Mulher se continua a justificar enquanto as mulheres, para fazer o mesmo trabalho, ganhem menos, enquanto as mulheres sejam discriminadas nos seus trabalhos por engravidar, e enquanto por esse mundo fora existirem imensas mulheres proibidas de estudar. “A desigualdade, mesmo na linguagem, tem de mudar”, defendeu a atriz.
Eugénia Casadinho confessou que “foi um tempo difícil até chegarmos aqui (...), mas há ainda muito caminho a percorrer”. Apesar de todos os avanços relativos aos direitos das mulheres, nenhum país atingiu a igualdade plena entre homens e mulheres. A mudança efetiva tem-se mostrado difícil e lenta para a maior parte das mulheres e raparigas do mundo. Muitos têm sido os obstáculos que permanecem inalterados na lei e na cultura de muitos países.
A Junta de Freguesia de Alcochete agradece a todos os que estiveram presentes a assistir à mesa redonda e à exposição dos atelieres de arraiolos, pintura e ourivesaria, Oliveira, Luísa Ortigoso e Paula Almeida pela disponibilidade e partilha de opiniões enriquecedoras.